| Resumo: | O presente relatório foi elaborado no âmbito da disciplina da Prática Pedagógica Supervisionada do Mestrado de Qualificação para a Docência em Educação Pré-escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico. O estudo que se apresenta decorreu, ao longo de três semestres – iniciado no ano de 2014 e findado no presente ano, 2016. Durante o ano letivo de 2014-2015, o estágio teve lugar numa instituição privada, na valência de pré-escolar, numa sala dos cinco anos; no primeiro semestre do ano letivo de 2015-2016, o estágio teve lugar numa instituição pública, na valência de 1.º ciclo, no 2.º ano. Em ambas as intervenções, as atividades que foram desenvolvidas respeitaram as áreas previstas nas metas do pré-escolar e no currículo do 1.º ciclo dos programas oficiais. Este relatório assenta numa investigação que foi orientada por questões que, de uma forma resumida, passamos a enunciar; A escolha da matemática como área privilegiada do nosso estudo teve, sobretudo, a ver com a sua importância na estruturação do pensamento e de como o trabalho em matemática contribui para o desenvolvimento global e integral da criança. O domínio dos números e operações foi escolhido para a intervenção na pré-escolar por se enquadrar na programação prevista para a turma intervencionada e, também, porque entendemos que é um tema que permite trabalhar diversos itens e suscetível de uma leitura avaliativa mais abrangente. Este domínio veio a revelar-se uma escolha adequada na componente do estágio desenvolvida no 2.º ano do 1.º ciclo na instituição pública. O insucesso dos estudantes na disciplina de matemática tem levado, nas últimas décadas, os educadores e os professores a procurar procedimentos e a construir objetos didáticos, a criar metodologias dinâmicas para a sala de aula, etc., de modo a procurar estimular o interesse dos estudantes na disciplina, a motivar o seu estudo e, assim, esperar que o aproveitamento e o sucesso aconteçam. Um destes procedimentos tem sido a utilização de materiais manipuláveis nas primeiras abordagens à matemática. São muitos os estudos que avaliam a eficácia destes materiais, nos vários níveis de escolaridade – existe, na verdade, uma cultura da construção, aplicação e exploração de materiais, estruturados ou não, comercializados ou construídos. Todavia, na última década têm vindo a ser publicados resultados de estudos e projetos levados a cabo nos últimos vinte anos, em universidades norte americanas onde se conclui que a utilização de materiais manipuláveis, é útil para ajudar a aprender conceitos básicos, dito primitivos, da matemática, já é claramente insuficiente para capacitar o estudante para o estudo de conteúdos em níveis mais avançados pois não o prepara adequadamente para o caráter abstrato da matemática presente nesses níveis. Com base nestas informações, a utilização de suportes materiais na nossa ação teve, primeiramente, a ver com algumas caraterísticas da instituição onde decorreu a primeira parte do estágio. O colégio privado, onde na valência do pré-escolar desenvolve, logo a partir dos 3/4 anos de idade, atividades diversas de cariz matemático e utiliza muitos materiais manipuláveis, estruturados ou não, construídos na escola ou adquiridos já montados. Pudemos conhecer muitos desses materiais disponíveis e, após uma análise detalhada das suas caraterísticas pedagógicas, e tendo em conta a literatura analisada, procurámos, nos próprios conteúdos matemáticos, conceitos que pudessem levar à criação de instrumentos de aprendizagem no domínio escolhido. Em vez de aplicar materiais que motivassem a aprendizagem de conceitos, propusemos a utilização de conceitos matemáticos para a criação e utilização de materiais didáticos como, por exemplo, a régua numérica – onde a estrutura e a densidade do conjunto dos números reais é a base do material criado –, e o triângulo de Pascal – ele próprio uma simbiose de geometria e cálculo onde as crianças podem fazer, por exemplo, cálculo mental e reconhecimento de padrões. As questões a que nos propomos responder, e que nortearam a ação, foram sobre a possível e acrescida eficácia didática e pedagógica dos meios usados: 1. Como os materiais usados fazem com que as crianças, no pré-escolar e nos primeiros anos do 1.º ciclo do ensino básico, solidifiquem as suas primeiras aprendizagens numéricas? 2. Que mais valias há para as crianças com a utilização de determinados instrumentos didáticos para concretizar essas aprendizagens? Como é que as crianças se envolvem mais e aprendem melhor quando realizam propostas de trabalho apoiadas nesses instrumentos específicos? 3. Qual a influência das atividades de investigação que foram exploradas, na conceção das crianças sobre a matemática e na sua preparação para o raciocínio abstrato? Do ponto de vista metodológico, o estudo seguiu uma abordagem de investigação qualitativa com caráter descritivo, baseada no exercício de atividades dinamizadas nos níveis de escolaridade referidos. Os dados avaliativos foram recolhidos no fim da intervenção e foram apoiados na observação direta, em fontes documentais, nas apreciações da educadora e professora cooperantes de cada instituição. Da análise dos dados sobre os processos matemáticos e os saberes mobilizados na realização das propostas apresentadas salientei o recurso, tanto das crianças no pré-escolar como dos alunos do 2.º ano, a novos processos de resolução de problemas relacionados com representações, relações e operações. Nos processos de comunicação anotei diversas formas de linguagem – oral, escrita, simbólica, icónica e gestual – mais exatas e rigorosas. As atitudes e os comportamentos, particularmente no grupo do 2º ano, evoluíram em termos de atenção, autonomia, organização espírito reflexivo e crítico bem como a estimulação da capacidade investigativa. |