| Resumo: | Atualmente, a anestesia de coelhos de estimação continua a ser percecionada, tanto por médicos veterinários como pelos tutores, como um procedimento de alto risco, dado que esta espécie apresenta um risco anestésico dez vezes superior comparativamente aos pequenos animais. A segurança anestésica pode ser aperfeiçoada através do reconhecimento dos fatores de risco anestésico, da aplicação das respetivas medidas de prevenção e do melhoramento das metodologias de monitorização intra-operatória. Este estudo teve como objetivo a comparação dos efeitos clínicos em coelhos de estimação submetidos a dois protocolos anestésicos distintos, que em última instância, permitiu avaliar qual destes providencia maior segurança intra-operatória. A população estudada foi composta por 18 coelhos saudáveis, de diferentes raças e idades, com peso compreendido entre 0,720 e os 2,120 kg, que foram submetidos a procedimentos cirúrgicos eletivos, com recurso a 2 protocolos anestésicos de rotina. O Protocolo 1 consistiu na combinação anestésica de Medetomidina-Ketamina-Buprenorfina administrada por via SC e nas doses 0,18 mg/kg, 11 mg/kg e 0,02 mg/kg, respetivamente. O Protocolo 2 consistiu na pré-medicação com 0,15 ml/kg IM de Hypnorm®, indução anestésica com 0,2 mg/kg IV de Midazolam e reversão anestésica parcial e analgesia pós-cirúrgica com 0,05 mg/kg IV de Buprenorfina. Em ambos os protocolos foi utilizado o Isoflurano como anestésico volátil para manutenção anestésica. Os parâmetros avaliados foram a frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), saturação de hemoglobina periférica em oxigénio (SPO2) e temperatura retal (TEMP), sendo que os registos das variáveis iniciaram-se antes da administração dos fármacos e a cada 5 minutos, desde a indução anestésica até ao momento pós-anestésico de recuperação do reflexo de postura, incluindo um último registo 30 minutos após o momento de reversão anestésica. Observou-se a redução da média da FC nos 2 protocolos anestésicos, com maior estabilidade no Protocolo 1. Ocorreu um decréscimo da média da FR em ambos os protocolos, sendo mais acentuado no Protocolo 2. Relativamente à variável TEMP, observou-se um decréscimo gradual da sua média nos 2 protocolos utilizados. As médias de SPO2 mantiveram-se dentro do intervalo de normalidade para ambos os protocolos anestésicos, durante o tempo de análise considerado. Conclui-se que a combinação de Medetomidina-Ketamina-Buprenorfina apresenta uma maior estabilidade anestésica, reduzido período de recuperação anestésica e um rápido retorno dos parâmetros cardiorrespiratórios aos seus valores fisiológicos. |