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O espaço nos contos e novelas de Domingos Monteiro: faces da liricização e tópicos do fantástico

Bibliographic Details
Summary:Domingos Monteiro, embora tenha feito incursões pela poesia (de que as primeiras publicações são um fulgurante testemunho: Orações do Crepúsculo, em 1920, e Nau Errante, em 1921 – acervo acrescido mais tarde pelos volumes Evasão e Sonetos, respetivamente em 1953 e 1978), foi sobretudo um prócere do conto e da novela, tendo merecido, por isso, o encómio do professor e escritor Eugénio Lisboa de “um dos maiores ficcionistas de sempre, seguramente, o maior contista português do século XX” (Lisboa, 2000:139). De facto, o escritor teve outras aventuras genológicas, como o drama A Traição Inverosímil e o romance O Caminho para Lá; no entanto, e como afirmou, em relação a este último volume, Teresa Seruya, “O fôlego romanesco é demasiado exigente para o talento sintético de Domingos Monteiro (Seruya, 2002: 153). Em O Espaço nos Contos e Novelas de Domingos Monteiro: Faces da Liricização e Tópicos do Fantástico, o vetor hermenêutico de que nos ocupamos prende-se com o corpus textual dos Contos e Novelas do Autor, materializado em quinze títulos, num total de sessenta narrativas, perscrutando as multímodas faces da liricização do espaço das suas narrativas. O vezo poético do autor vislumbra-se sobretudo na sua novelística, onde a emotividade em nada prejudica a efabulação sedutora, que concita a momentos de reverberação do leitor, nomeadamente na descrição dos seus espaços tímicos, para utilizar o pensamento terminológico de Denis Bertrand (cf. Bertrand, 1985). O esteio na modalidade fantástica decorre da sua visão metafísica da vida e da perspetiva holística que tem do Universo, em que o Homem entra também numa comunhão coonestada com a natureza, os animais e toda a matéria cósmica, sempre com uma preocupação ecológica singular. Desta forma, o lirismo e o fantástico conhecem, no autor de O Mal e o Bem, uma coalescência harmonizante.
Authors:Gonçalves, Henriqueta Maria de Almeida
Subject:Ecologia Espaço literário Contos Monteiro, Domingos, 1903-1980 Novelas Fantástico Liricização
Year:2018
Country:Portugal
Document type:doctoral thesis
Access type:Restricted
Associated institution:Repositório da UTAD, DSpace at My University, Repositório Institucional da UTAD
Language:Portuguese
Origin:Repositório da UTAD
Description
Summary:Domingos Monteiro, embora tenha feito incursões pela poesia (de que as primeiras publicações são um fulgurante testemunho: Orações do Crepúsculo, em 1920, e Nau Errante, em 1921 – acervo acrescido mais tarde pelos volumes Evasão e Sonetos, respetivamente em 1953 e 1978), foi sobretudo um prócere do conto e da novela, tendo merecido, por isso, o encómio do professor e escritor Eugénio Lisboa de “um dos maiores ficcionistas de sempre, seguramente, o maior contista português do século XX” (Lisboa, 2000:139). De facto, o escritor teve outras aventuras genológicas, como o drama A Traição Inverosímil e o romance O Caminho para Lá; no entanto, e como afirmou, em relação a este último volume, Teresa Seruya, “O fôlego romanesco é demasiado exigente para o talento sintético de Domingos Monteiro (Seruya, 2002: 153). Em O Espaço nos Contos e Novelas de Domingos Monteiro: Faces da Liricização e Tópicos do Fantástico, o vetor hermenêutico de que nos ocupamos prende-se com o corpus textual dos Contos e Novelas do Autor, materializado em quinze títulos, num total de sessenta narrativas, perscrutando as multímodas faces da liricização do espaço das suas narrativas. O vezo poético do autor vislumbra-se sobretudo na sua novelística, onde a emotividade em nada prejudica a efabulação sedutora, que concita a momentos de reverberação do leitor, nomeadamente na descrição dos seus espaços tímicos, para utilizar o pensamento terminológico de Denis Bertrand (cf. Bertrand, 1985). O esteio na modalidade fantástica decorre da sua visão metafísica da vida e da perspetiva holística que tem do Universo, em que o Homem entra também numa comunhão coonestada com a natureza, os animais e toda a matéria cósmica, sempre com uma preocupação ecológica singular. Desta forma, o lirismo e o fantástico conhecem, no autor de O Mal e o Bem, uma coalescência harmonizante.